segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Jogos


Eu nunca soube jogar.
Se eu gosto de você porque tenho que esperar 2 dias pra te ligar?
Se eu gosto de você porque preciso desaparecer?
Se eu gosto de você porque preciso fingir que não gosto?
Eu acho isso simplesmente estranho, e nunca soube fazer.
E por isso sempre sofri.
Hoje passei a não gostar. Parei de ligar, de aparecer, de não fingir.
Simples, desisti.

E use azeite pra cozinhar...Pra me cozinhar também.

Você acha tão inteligente não amar, eu acho um desperdício.


quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Chorei...

Na noite triste chorei
Chorei por não saber
Por não querer saber
ou por saber demais...
Chorei de saudade
Chorei por ter o abraço roubado
Pelo beijo não dado
e pela não despedida.
Chorei também de alegria
Da busca de um sonho
e da esperança do reencontro.
Chorei por saber que o passado ninguem rouba
E no futuro estão aqueles que menos esperamos.
Chorei pelos ombros largos
onde repousei a cabeça
E pelas horas em que dizer nada, dizia tudo.
Chorei pelo não que não teve tempo de ser sim
E pelo medo de ser feliz por um breve momento.
Chorei por ser tarde, ou cedo demais.
Talvez por simplesmente não ser...

em 15/02/2006

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Mais um pulo...


Eu e a minha incurável mania de me atirar de cabeça em poças d’água.
Não tem jeito, ela está ali, no meio da rua, praticamente uma gota solitária e esse meu astigmatismo me faz ver um lago lindo, límpido e profundo. E eu que nem boa mergulhadora sou, em nenhuma das vezes mergulhei sequer de barriga. Sabe aqueles mergulhos estupendos de barriga que algumas pessoas dão quando criança, que ficam ardendo uma semana e que hoje fazem essas pessoas entrarem na água polidamente, pé ante pé? Então...esses ensinam. E por isso eu nunca aprendi. Quem sempre mergulhou de cabeça nunca teve essa sensação e insiste em ser radical... O problema está quando além de radical somos enganados por nossa visão. Por alguns instantes - aqueles exatos entre o pulo e a queda - isso parece ser o mais sensato a se fazer, você está ali, o ‘lago’ está ali, o dia está quente, o que mais é preciso pra sair correndo e dar aquele salto em direção à água?
Talvez mais informação, uma segunda opinião, muitas vezes uma terceira, quarta, quinta...Menos afobação, menos necessidade de ser feliz tão imediatamente.
A última que eu me aprontei não foi com uma poça. Me deparei com uma areia movediça, cercada com arame farpado, minas, bombas caseiras, armadilhas, placas de ‘não se aproxime, propriedade privada’ e sabe o que eu fiz?
Novidade, pulei. Mas dessa vez de pé, como na foto. Com cara de assustada e de braços levantados, pra ficar mais fácil de alguém me salvar.
To me afogando ainda, mas dessa vez nem tá doendo mais...



quarta-feira, 15 de outubro de 2008

CONSOLO NA PRAIA


Vamos, não chores...
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.

Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.


Carlos Drummond de Andrade.


Sempre que me encontro com ele, conheço um pouco de mim. Porque o coração continua, sempre vai continuar...



sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Reticência


Reticência [do latim 'silêncio obstinado'] S.f. 1. Omissão intencional de uma coisa que se devia ou poderia dizer.

Como eu, como exclamação ambulante que sou, posso entender um silêncio tão obstinado?

Doeu achar que estava partindo, mas quando a gente deixa as ilusões de lado e passa a saber como lidar com a realidade, a omissão intencional pode te fazer muito bem.

Confesso que ainda não sei, mas a reticência é em si só um não dizer, e não se deixa aprisionar. E 'quanto mais fores o que tu és, mais será o que eu queria'.

Ela voltou. Na verdade nunca partiu. Como também nunca esteve aqui de fato.

Sempre indo e vindo, reticente...

E no fundo, o que espero realmente é achar a minha interrogação.