De repente me pergunto se vale a pena, se esperar por você vale a pena. De repente não, me pergunto isso a todo momento, sempre que penso em você.
Me pergunto também se é amor, se o que eu sinto por você é amor, e pra ser sincera tenho lá minhas dúvidas. Mas porque então espero você?
Nem todos te acham bonito, mas me parece que seu olhar tem a beleza que sempre procurei. Não manda flores, não telefona pra perguntar como foi meu dia, não sabe que dia é meu aniversário ou o meu sobrenome. Não se interessa pelas coisas que eu digo e muito menos em me dizer alguma coisa. Mas me abraça e me diz tudo o que eu quero saber, que naquele momento é meu, e eu sou sua. Mas por favor, não venha me dizer que não me quer, que precisamos nos encontrar em outros braços e depois na sua contigente falta de palavras e excesso de gestos e olhares me pedir para ficar.
Será que não é capaz de finalizar o que começou? Será que toda a sua capacidade está em me confundir? Porque é isso que me parece.
Você não consegue me roubar sequer um beijo e eu já me sinto roubada por não ter isso. Saiba que para nem tudo na vida é necessária uma permissão explícita.
Entre em concenso com você mesmo e decida se você quer ou não quer. Pois enquanto a sua boca disser uma coisa e o seu corpo disser outra eu não vou desistir e isso pode te aborrecer.
Pois por mais difícil que seja eu ouvir o que eu não quero (e por mais que doa é isso que me parece que vai acontecer), é pior eu ficar tentando entender coisas que você insiste em não dizer, achar nos teus olhos um carinho que você não tem e muitas vezes achar que esse olhar me basta.
Sei que cartas são tolas, mas necessárias para quem não consegue dizer. Encarar um papel é bem mais fácil do que ter o seu olhar fixo e muitas vezes de reprovação.
Mas se eu não posso ter você deixe ao menos eu ter a mim.
Uma carta não mandada em 31 de maio de 2001.

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